quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Segurança

No Brasil, não temos segurança. Ou melhor, temos muito pouco segurança. Sim, quando se pensa nisso, imediatamente nos lembramos da bolsa sempre à frente e debaixo do braço ao andar pelas ruas; dos carros com vidros fechados em pleno verão; das casas com muros altos e cercas eletrificadas.

Mas não falo só disso. Não temos a sensação de segurança na maioria dos aspectos da vida cotidiana. Não temos confiança no nosso sistema jurídico. Não temos confiança nos nossos políticos. Não temos confiança na nossa polícia. Não confiamos nem no padeiro. Por causa da cultura da "malandragem", estamos sempre atentos, sempre desconfiados. Malandro é o gato que já nasce de bigode e vive no telhado pra não pagar aluguel.

Perdemos nossa inocência. Somos, sim, um povo muito aberto, simpático, caloroso. Somos também um povo muito desconfiado. Porque nós mesmos somos """""espertos""""" (sendo, na verdade, idiotas), temos sempre o receio de que vamos ser passados para trás. Não queremos ser bobos. Então, ferramos com alguém para não sobrar com a batata quente.

O que não entendemos é que é um ciclo vicioso. Não confiamos nem em nós mesmos, quanto menos nos outros, então roubamos do outro. Sim, o roubo faz parte do dia a dia do brasileiro. Não se engane, não é porque você não é trombadinha ou assaltante que você passa batido. Eu apostaria muito dinheiro no fato de que você já roubou algo algum dia. Eu sei que eu já.

Roubamos o troco a mais que o caixa da padaria nos dá por engano. Roubamos a moeda de 50 centavos que vimos cair do bolso de alguém no ônibus. Roubamos quando exploramos a fragilidade de alguém em uma compra.

E, porque somos assim (e achamos que não há mudança possível), desconfiamos de todo mundo. Achamos que, se não houver uma catraca no metrô, todo mundo vai entrar sem pagar. Achamos isso porque é o que nós faríamos. Mas há quem não ache.

E enquanto não mudarmos a nossa forma de pensar, continuaremos ladrões num país de ladrões, achando que não temos solução.

2 comentários:

  1. Bro, nunca concordei tanto com você!

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  2. Concordo com você, Diogo. Generalizando,precisamos urgentemente deixar de lado a tal malandragem brasileira.
    Nós que procuramos sempre andar na linha, de vez em quando ainda damos umas escorregadelas.

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