quarta-feira, 21 de março de 2012

Afastamento...

Por motivo de força maior, no caso minha dedicação a estudar para um concurso, vou ficar um tempo sem escrever... Nos lemos em Maio! :-)

terça-feira, 6 de março de 2012

Egoísmo é (sempre) ruim?

Antes de começar essa idéia, que eu já sei que vai dar comentários, acho que eu tenho que esclarecer uma ou algumas coisas.

No COLTEC, li um livro para a aula de Português que me marcou muito, chamado "Marcelo, Martelo, Marmelo". O livro, um pouco infantil, é uma discussão profunda sobre o caráter arbitrário do significado atribuído às palavras, e como a comunicação só pode ser possível quando o significado destas palavras é compartilhado. Este livro mudou minha forma de pensar, e acho que só consegui perceber isso anos depois. Eu paro hoje, às vezes, e penso a respeito do significado das palavras e me dou conta que o significado que eu dou nem sempre é o mesmo que outras pessoas dão.

Em função disso, penso que eu devo explicar que, para mim, egoísmo não é ruim, não em si. Eu vejo egoísmo como uma atitude que parte do centramento em si mesmo. Essa atitude pode estar presente em diversos comportamentos, em maior ou menor grau, mas é meu entendimento que ela está SEMPRE presente em algo que fazemos voluntariamente.

Tenho um longo debate (tenho porque ainda não terminou) com minha noiva a respeito disso. Ela me disse que entende como "amor próprio" isso que eu chamo de egoísmo, mas eu argumento que a palavra que eu utilizo é mais apropriada para falarmos de uma atitude, enquanto o termo utilizado por ela é mais adequado para o sentimento que nutre essa atitude.

Mas, voltando ao ponto principal... Tudo que fazemos de livre e espontanea vontade tem um toque de autocentramento, um toque de egoísmo. Para usar o exemplo que acho mais forte: uma mãe que pula na frente de um carro para salvar o filho. Sim, existe uma atitude altruísta (e portanto centrada no outro) nesse gesto, mas há algo de egoísta - essa mãe está mobilizada pelo desejo de preservar a integridade física do filho, mas um pouco desse comportamento também é embasado na ideia de que ela não poderia suportar viver sem o filho, ou viver com a culpa de não ter salvado o filho. É isso que quero dizer: por mais que 99% da atitude por trás de um comportamento seja centrado no outro, há sempre aquele 1% (pode ser mais ou menos, não sou matemático nem estatístico, esses números só me servem para argumentar) que parte de um autocentramento, um egoísmo.

É a partir disso, dessa noção, que eu digo que egoísmo pode ser uma coisa boa. Repito que não pode ser dominante, não podemos desconsiderar o outro, mas precisamos sempre manter um certo grau de autocentramento - e digo mais, é quase inevitável que o façamos. Para termos um relacionamento saudável com outra pessoa, platônico ou romântico, precisamos saber nossos limites. Precisamos ter claras nossas prioridades, vontades, desejos e até que ponto estamos dispostos a ceder em nome do outro. Isso é, ao meu ver, o egoísmo bom e saudável...

...

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Retorno

Há algum tempo que não escrevo. Não, mentira - há algum tempo que não escrevo AQUI.

Tenho postado meus pensamentos, devaneios e viagens no Facebook, mas recentemente fui estimulado a reativar meu blog por uma pessoa muito querida. E este simples fato me deu vontade de registrar alguns pensamentos e sentimentos.

É muito bom sentir que tem alguém comigo, do meu lado. Acho que essa sensação é algo que todos nós, seres humanos, buscamos - nos sentirmos acompanhados, queridos, sentirmos que alguém se interessa por nós e por nosso bem estar. É com base nisso, inclusive, que acompanho meus clientes, com essa convicção de que isso não é só algo desejável, mas é algo terapêutico.

Acho que há, ainda, um perigo em quando não nos sentimos assim em pelo menos algum relacionamento. Será que é quando não nos sentimos acompanhados, queridos, desejados, que buscamos esse sentimento em algo externo? Me ocorre agora que isso pode ser mais um fator que leva as pessoas à(s) religião(ões) - sentir que há alguém que as ame.

Mas esse não é o foco. Introduzi este assunto para falar de como eu tenho me sentido. O último ano tem sido um momento de muito crescimento, intenso e frutífero, para mim. Não digo que eu encontrei que vai me fazer feliz, porque não se faz alguém feliz, a não ser a si mesmo. Mas encontrei alguém que me PERMITE ser feliz, que me estimula a sê-lo... alguém que, mesmo muito diferente de mim em alguns aspectos, me aceita nessa diferença ou, na pior das hipóteses, faz o melhor que pode para me aceitar assim. Alguém que me faz sentir acompanhado, querido, e que se interessa por mim e por meu bem estar.



... e é por isso que eu a pedi em casamento.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A tríade

Dizem que há três assuntos que não se discute: futebol, religião e política. Pessoalmente, eu gosto muito de discutir os três.

Mas ando chegando à conclusão de que não posso, mesmo, discuti-los com todo mundo. Principalmente o mais polêmico... *pausa dramática*... se tem alguém lendo isso, gostaria de saber qual destes você pensou que é o mais polêmico... POLÍTICA.

Ultimamente, tenho chegado à conclusão, ao menos entre brasileiros, que política é o mais polêmico. Creio que as opiniões, pensamentos e escolhas na política são muito mais radicais e extremas do que nos outros dois, talvez não muito mais do que no futebol.

Com alguns solavancos, tem sido possível discutir religião. Claro que, na maioria das vezes, as diferenças de opinião são gritantes e em pontos fundamentais, onde nenhum dos lados vai mudar de opinião por causa daquele debate. Quem acredita em deus, não vai deixar de acreditar por causa de uma conversa - muita gente deixa de acreditar em deus, mas faz isso através de um processo subjetivo, longo ou intensamente curto, traumático. Mas a conversa flui, as opiniões e posições são debatidas, argumentadas, geralmente em um tom animado mas "civilizado". Nunca fui chamado de idiota ou qualquer coisa similar em uma discussão de religião.

Futebol, não. Futebol é fanatismo. Ninguém muda de opinião, todo mundo faz hora com a cara do outro e muita gente é mais anti-oponente do que torcedor do próprio time. São poucas pessoas que tem uma posição similar à minha, de não ter um "time do coração". Simpatizo com o Cruzeiro, mas não sou anti-atleticano de forma alguma. Minha fidelidade é mais a Minas Gerais e ao Brasil do que a um time de futebol que nunca fez nada por mim. Há aqueles que levam mais a sério, vemos muita violência no futebol, entre as torcidas, muita gente professa seu ódio pelo time oponente, mas ainda estamos falando de esporte e há alguma leveza.

Política, não. Quem debate política, debate a sério. Sobe na mesa, xinga, grita... ao menos na minha experiência. Nas comunidades virtuais, é "ladrão" pra cá, "corja" pra lá, "bandido", etc. É claro que isso se deve muito à estirpe de políticos que temos no Brasil, principalmente, e a como o sistema funciona.

Mas aí chego onde eu queria: quem não gosta do PT, ODEIA. Quem não gosta do PSDB, ODEIA. E esquece toda a merda que o partido de sua preferência fez/faz. Acho que não temos muito o hábito de contextualizar. Não quero dizer, com isso, que a gente deva aceitar o que acontece. Mas não devemos, também, achar que o mundo se divide entre Bem e Mal, como muitas religiões (olha os assuntos se misturando) tendem a fazer.

(Acho que estou divagando um pouco, pra variar. Mas é pra isso que esse blog serve.)

Enfim. Deixo a questão "aberta".

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Muito Além do Cidadão Kane

Não está com a melhor qualidade de imagem possível, mas ao menos está no ar:

Parte 1
http://www.youtube.com/watch?v=JA9bPyd1RKQ

Parte 2
http://www.youtube.com/watch?v=m0m1rmi-Ooc&feature=related

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Eleições

O sistema eleitoral americano é confuso e antiquado. O estatuto de voto como direito somente, e não dever do cidadão, possibilita a manipualação e a marginalização de alguns grupos determinados, especificamente pobres e jovens. Neste sentido, o Brasil está na frente. Temos um sistema avançado, eletrônico, com firme controle contra fraudes; votar no Brasil é um dever, todos temos que votar - daí, o fato de a eleição ser em um domingo (nos EUA as eleições são num dia de semana, o que desestimula ainda mais as pessoas - que em geral recebem por hora - a saírem do trabalho para votar).

Mas eles têm uma coisa que nós não temos: diversidade de posição política da mídia. No Brasil, a mídia toda pertence à direita. Criticamos a Globo, que é a mais forte, mas a verdade é que todos os canais de TV têm uma agenda de direita - com exceção da TV Cultura, que não é bem uma TV de esquerda (e nem também uma TV muito forte). Isso se passa pelo processo de distribuição das concessões de mídia (procurem pelo documentário da BBC chamado "Muito Além do Cidadão Kane").

Na TV a cabo nos EUA, há dois principais canais de notícia: a Fox News, que é radicalmente de direita (e altamente anti-ética) e a MSNBC, que é de orientação esquerdista, progressista e "liberal". Tudo bem que a esquerda americana é mais direita que a nossa direita. Mas há um debate causado por essa polarização. Sinto falta deste debate acontecendo no Brasil.

A mídia de esquerda no Brasil se resume a "guetos". Temos algumas revistas, blogs, que são muito bons e interessantes, mas que não estão ao alcance do grande público. Sim, qualquer um pode ir à banca comprar uma Carta Capital, Piauí ou outras revistas do estilo, mas todos nós sabemos que não compram. Compram Veja, Época, porque essas são as mais "famosas". E são porque pertencem aos mesmos donos das TVs.

Falta uma TV de esquerda no Brasil. Falta uma TV aberta de esquerda. Acho que a polarização da mídia, a heterogeneidade, favoreceria a discussão política e, a médio-longo prazo, melhoraria o nível dos nossos candidatos.

domingo, 8 de agosto de 2010

Abacaxis e Ananás

Nós, no Brasil, dizemos abacaxi. Eles, aqui, chamam de Ananás. É quase a mesma coisa, mas não chega a ser.

É assim pra muita coisa aqui. Teoricamente, no Brasil e em Portugal falamos a mesma língua. Isso, como eu descobri aqui, não é verdade. Ou talvez falemos a mesma língua, sim, mas não a mesma linguagem.

A língua me parece ser mais do que a ordenação padronizada de letras e sons, formando uma combinação de sons reconhecida por um grupo como simbolizando algo. Passa pela língua a cultura (não no sentido de "educação", de ser ou não ser culto) do grupo ao nível macro e micro. Cada nação tem algo em comum na sua identidade como pertencente àquele povo, e isso se aplica a escalas mais reduzidas: as regiões, os estados, as cidades, os bairros, etc. Não é por acaso que dentro do Brasil há diferenças na língua - não só nas palavras, mas em como vemos o mundo.

Essa diferença se fez bastante presente para mim aqui. Sim, consigo me comunicar bem agora que já "percebo" (como dizem aqui) melhor o sotaque e alguns termos. Há, ainda, termos que nós brasileiros conhecemos e usamos, mas em contextos e às vezes com significados ligeiramente ou bastante diferentes (o próprio verbo "perceber" aqui tem o significado que nós brasileiros damos a "entender").

Mas aí é que tá o meu ponto: "perceber" não é a mesma coisa que "entender". Nós fazemos a tradução e um termo se aproxima do outro, mas não são a mesma coisa. Essa é a diferença principal, creio.

Cada pessoa pensa de uma determinada maneira, se relaciona com o mundo de uma forma singular. Isso é a subjetividade, in a nutshell. Mas há algo compartilhado em como nos relacionamos com o mundo em grupos: seus amigos, seus colegas de trabalho, seus vizinhos, moradores do bairro, da sua cidade, do estado, da região e do país. Esse "agrupamento" pode ser heterogêneo, mas há algum ponto de ligação que é forte, que define a identificação com um determinado grupo (e é, em geral, muito mais do que "moro ali").

Por mais que eu fale português, e aprenda as diferenças locais da língua, eu jamais poderia ser um terapeuta, muito menos um BOM terapeuta, em terras portuguesas sem conseguir achar um ponto de identificação com a cultura, com o país, com o modo de pensar daqui.

E é, em parte, por isso que eu quero tanto voltar para o meu lar. Estar aqui deu ao termo lar um outro significado.

85...

Hoje, sem música. Ao som do ventilador, item obrigatório neste verão, e do eventual pássaro e pombo (pombo para mim se tornou uma sub-espécie de demônio) que passou pela janela.