terça-feira, 6 de março de 2012

Egoísmo é (sempre) ruim?

Antes de começar essa idéia, que eu já sei que vai dar comentários, acho que eu tenho que esclarecer uma ou algumas coisas.

No COLTEC, li um livro para a aula de Português que me marcou muito, chamado "Marcelo, Martelo, Marmelo". O livro, um pouco infantil, é uma discussão profunda sobre o caráter arbitrário do significado atribuído às palavras, e como a comunicação só pode ser possível quando o significado destas palavras é compartilhado. Este livro mudou minha forma de pensar, e acho que só consegui perceber isso anos depois. Eu paro hoje, às vezes, e penso a respeito do significado das palavras e me dou conta que o significado que eu dou nem sempre é o mesmo que outras pessoas dão.

Em função disso, penso que eu devo explicar que, para mim, egoísmo não é ruim, não em si. Eu vejo egoísmo como uma atitude que parte do centramento em si mesmo. Essa atitude pode estar presente em diversos comportamentos, em maior ou menor grau, mas é meu entendimento que ela está SEMPRE presente em algo que fazemos voluntariamente.

Tenho um longo debate (tenho porque ainda não terminou) com minha noiva a respeito disso. Ela me disse que entende como "amor próprio" isso que eu chamo de egoísmo, mas eu argumento que a palavra que eu utilizo é mais apropriada para falarmos de uma atitude, enquanto o termo utilizado por ela é mais adequado para o sentimento que nutre essa atitude.

Mas, voltando ao ponto principal... Tudo que fazemos de livre e espontanea vontade tem um toque de autocentramento, um toque de egoísmo. Para usar o exemplo que acho mais forte: uma mãe que pula na frente de um carro para salvar o filho. Sim, existe uma atitude altruísta (e portanto centrada no outro) nesse gesto, mas há algo de egoísta - essa mãe está mobilizada pelo desejo de preservar a integridade física do filho, mas um pouco desse comportamento também é embasado na ideia de que ela não poderia suportar viver sem o filho, ou viver com a culpa de não ter salvado o filho. É isso que quero dizer: por mais que 99% da atitude por trás de um comportamento seja centrado no outro, há sempre aquele 1% (pode ser mais ou menos, não sou matemático nem estatístico, esses números só me servem para argumentar) que parte de um autocentramento, um egoísmo.

É a partir disso, dessa noção, que eu digo que egoísmo pode ser uma coisa boa. Repito que não pode ser dominante, não podemos desconsiderar o outro, mas precisamos sempre manter um certo grau de autocentramento - e digo mais, é quase inevitável que o façamos. Para termos um relacionamento saudável com outra pessoa, platônico ou romântico, precisamos saber nossos limites. Precisamos ter claras nossas prioridades, vontades, desejos e até que ponto estamos dispostos a ceder em nome do outro. Isso é, ao meu ver, o egoísmo bom e saudável...

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